RELATÓRIO DE ESTUDO DE CAMPO

Data: 30 de março de 2008
Horário de chegada: 16Hs 30min.
Horário de saída: 18Hs 20min.
Local: Jardim Itatinga.
Integrantes: Rayssa e Adalex
Entrevistados: Flávia, Daiane e Carol * nomes fictícios.


Dados do Centro de Saúde do Jardim Itatinga (Campinas) indicam que lá trabalham cerca de 1,9 mil profissionais do sexo. O diferencial do local em relação a outros centros de prostituição está no fato de que as mulheres residem no bairro em que trabalham. “Trata-se de um bairro residencial com estrutura e pronto-atendimento médico. A entrevista foi realizada com três garotas cujo nome são fictícios: Flávia de dezoito anos, Daiane e Carol ambas com vinte e um anos que trabalham na mesma casa no Jardim Itatinga, porém duas delas (Flávia e Daiane) trabalham em outro ponto da cidade, conhecido como “ boca do lixo” e na cidade de Santos, mais precisamente na zona portuária da cidade. Uma peculiaridade que merece ser ressaltada é o fato de que a Carol é uma ex-garota de programa, sendo que saiu da profissão há dois meses, atualmente gerencia as finanças da irmã que trabalha como garota de programa no bairro.
Notamos alguns aspectos em comum entre as entrevistadas: em todos os casos a ausência da figura paterna, sendo que os pais da Flávia e da Carol são divorciados e o pai de Daiane faleceu quando ela tinha quatorze anos; as famílias tem conhecimento das atividades profissionais.
Todas elas afirmam que entraram para prostituição por uma certa “influência” de conhecidas que já trabalhavam na área, inclusive Carol que entrou por intermédio da irmã mais velha. Daiane e Flávia iniciaram com a mesma idade, quatorze anos e para tal falsificaram seus documentos, sendo que, de acordo com a legislação brasileira, é proibido que menores de dezoito anos exerçam essa profissão. Ambas não concluíram o ensino médio, e não pensam em voltar á estudar, pois afirmam que é difícil conciliar o trabalho e os estudos, nesse ponto Carol se diferencia, concluiu o ensino médio e pretende fazer faculdade de Medicina.
Segundo as garotas, em média oito entre dez garotas que engravidam no Jardim Itatinga não ficam com a criança, as mães doam os filhos para instituições de apoio, ou normalmente recorrem à prática mais comum para interromper uma gravidez indesejada, optam pelo aborto, Flávia alegou ter realizado pelo menos dois abortos, um via remédios e outro pela fragilidade de seu útero devido ao primeiro caso.
Quando o assunto é Aids, ou doenças sexualmente transmissíveis, elas afirmam a total prevenção com o uso de preservativos, anticoncepcionais e gel lubrificante na intenção do não rompimento da camisinha. Alegam a prática de exames de rotina com freqüência, e elogiam a atuação médica na região, que realizam testes de HIV sempre que necessitam, como ginecologistas e a distribuição de preservativos.Afirmam que de todas as garotas conhecidas que possuem o vírus do HIV, a maioria foi infectada pelo parceiro e não via clientes.
O estabelecimento visitado que funciona das 10 hs às 23 hs, conta com seis profissionais do sexo, além de quatro quartos que podem ser alugados por qualquer pessoa, à proprietária do local - Daiane - gerencia junto com a própria mãe, juntas possuem mais duas casas de prostituição, uma no centro da cidade e outra na cidade de Santos que funciona vinte e quatro horas por dia. No ponto do Jardim Itatinga são cobradas dez reais pelo aluguel do quarto e as bebidas consumidas pelos clientes. A região conta com uma divisão onde atuam homossexuais, travestis e as garotas de programas que são mulheres.